23.7.11

horas idas

quebrados todos os velhos ponteiros
de meu relógio, quantas  horas vãs
que desembocaram em dias sem manhãs
apontaram-me momentos derradeiros.

horas que vagas, entornaram ventos
baldio pesar de algum lamento antigo
que o momento presente, qual amigo
recompôs em minutos, sem lamentos.

e as horas findas reavivaram traços
tosco retrato em parede antiga
qual relembrança de elo destroçado.

despertando a saudade, aos pedaços
descobri-me a adentrar hora perdida
quem sabe num tic-tac mais compassado.

Isnelda Weise
Postado por Isnelda

20.7.11

Haicais de Isnelda Weise - INVERNO 2011


sob o frio noturno
acalenta o andarilho
a luz do luar.




sem abrigo algum
contra o vento impiedoso
ela e a solidão.



só e embriagado
 sonho com calor da noite
em degraus gelados.


 


trêmulas e frias
mãos de mendigo afagam
um gato de rua.





árvore colore
o telhado esbranquiçado
com folhas marrons.




no muro em ruínas
resistente a flor propaga
outono tardio.




na manhã de inverno
 mãos desnudas cobiçam
o calor do sol.




chaminé da casa
com fumaça esbranquiçada
veste o ar sombrio.




o fogão à lenha
aquece  cozinha e embala
sono de meu pai.