SONETO DE OUTONO
Tempo de colheita e mudança de cor
A bordar o horizonte de amarelo-dourado
Na queda das folhas aos pés do alambrado
A calmaria da planta na ausência da flor.
Doces e geléias a guarnecer a mesa
O aroma do licor com sabor agridoce
No tilintar das taças é como se fosse
Estação de compotas, de maçã e certeza.
Tempo de vindima e cheiros antigos
Novas rugas sulcando as faces e assim
Sufocar a saudade de velhos amigos.
Do descanso no campo ao prazer do abandono
Numa cesta de frutas maduras, enfim
O fluir sumarento de uma tarde de outono.
Isnelda Weise.